Para promover uma gestão mais assertiva e integrada de todos os processos que envolvem uma construção, o sistema BIM vem sendo implantado nos últimos anos aqui no Brasil. A ideia principal do processo, em uma primeira etapa, é transformar todos os objetos da obra desenhados em 2D, em 3D. Outro benefício que o BIM fornece é a possibilidade de realizar orçamentos, estimar cronogramas de obras, como realizar manutenção e identificar a sustentabilidade daquela construção.
Atender todas as iniciativas do BIM dentro de uma obra ainda não é, no entanto, usual. Confira a entrevista com o arquiteto e doutor em engenharia de produção, Sergio Leusin, sobre como está o gerenciamento de BIM nas obras e quais as novidades para acelerar sua implantação.
MAPA DA OBRA – Como está o gerenciamento de obras com o sistema BIM, atualmente?
Sergio Leusin – Ainda estamos no começo aqui no Brasil nessa parte de usar as ferramentas de BIM na obra. Temos algumas experiências de poucas construtoras, como a Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário e, em sistemas muito isolados. O que está acontecendo com mais frequência é o uso de dados extraídos do BIM para a obra, mas ainda não tem sistemas de gestão de obras que usem o BIM. O que nós já fizemos, por exemplo, é conectar os dados do BIM no ERP das empresas. Ou seja, eu crio uma maneira de conectar os dados do sistema de planejamento, de orçamento, para fazer o orçamento e eu conecto isso através de arquivos ou planilhas. Essa conexão dos dados que você extrai do BIM com o sistema do ERP é algo relativamente fácil de ser feita. Os sistemas BIM, propriamente dito, ainda não são comuns. Eles auxiliam na realização do planejamento 4D até o 5D, que é com os custos, e fazer aquelas visualizações. Mas isso também pode ser feito sem um sistema específico, pode ser feito utilizando aplicativos de projeto e de verificação de qualidade de modelo. E a outra coisa que é importante é disponibilizar na obra, através de visualizadores, um modelo, para que o pessoal de obra entenda como tem que ser feita a montagem. Você pode fazer isso usando visualizadores relativamente simples, baratos e até grátis. A questão é que tem que fazer um planejamento do que vai disponibilizar para obra e como vai fazer isso.
MDO – O sistema BIM já é conhecido pela construção civil há um tempo, porém, não está ainda atuando de forma massiva nas construções. Por quê?
Sergio Leusin – Temos poucas empresas fazendo projetos BIM completos. Existe uma empresa que trabalha com BIM há muito tempo, mas implementou esse gerenciamento há pouco tempo nas obras dela. Relativamente, a uns dois anos atrás. Para a empresa atingir esse estágio, ela tem que ter projetos feitos em BIM de modo completo, com todas as disciplinas sendo feitas em BIM. E aí existe o próprio tempo de fazer o projeto, terminá-lo e entregá-lo, até que comece a obra tendo tudo sendo feito em BIM, por isso que poucas empresas atingiram esse estágio. Eu acredito agora, como a implementação de BIM está sendo feita em uma velocidade muito maior, no ano que vem nós já teremos muito mais casos.
MDO – Durante a FEICON desse ano houve um seminário falando sobre BIM e ressaltando a criação da Biblioteca Nacional BIM. Como está sendo a implantação dessa biblioteca?
Sergio Leusin – Ela está em andamento. Como estamos em período eleitoral, o governo não pode lançar nada. Mas estão aguardando o término desse período para fazer o lançamento da biblioteca. No momento, eles estão desenvolvendo objetos genéricos.
MDO – E como que essa biblioteca deve funcionar quando lançada?
Sergio Leusin – Serão vários materiais, a ideia é que eles cubram todo o aspecto de obras mais comuns na área pública. Os objetos mais comuns estão sendo realizados agora, como bancas, cubas, etc. Esses objetos serão fornecidos para serem usados nos projetos básicos do governo e não podem ter identificação de marca. E depois, a partir dos objetos genéricos, a própria indústria vai ter mais facilidade de fazer os seus próprios objetos. Ela poderá pegar um objeto genérico e adaptar para um desenho de objeto dela mesma e depois inserir os dados de desempenho que devem constar dos objetos proprietários.
MDO – Qual a expectativa com esse lançamento?
Sergio Leusin – Além do que está sendo preparado, a expectativa é que as empresas e sindicatos, por exemplo, façam upload dos produtos delas lá também. Ou seja, as empresas têm interesse em difundir ao máximo o material dela, então, a princípio, elas vão participar porque é uma biblioteca aberta onde qualquer um pode enviar produto. Será feita uma verificação da qualidade dos objetos que ela está mandando. Se forem aprovados, eles farão parte do cadastro que estará disponível para qualquer um usar.
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