Um dos desafios da agenda 2030 — que corresponde ao conjunto de programas, ações e diretrizes que orientarão os trabalhos das Nações Unidas e de seus países membros rumo ao desenvolvimento sustentável — é construir cidades cada vez mais sustentáveis e ambientalmente eficientes. A sustentabilidade é um tema constantemente em alta no mercado da construção civil, sendo preocupação entre as construtoras e incorporadoras que estão se dedicando a desenvolver empreendimentos cada vez mais econômicos e sustentáveis para atender a essa demanda crescente pelos selos e certificações que fornecem mais credibilidade para os empreendimentos.
De acordo com a coordenadora técnica do Comitê de Meio Ambiente do Sinduscon-SP, Lilian Sarrouf, para um empreendimento ser considerado sustentável, ele precisa seguir vários requisitos: “ele tem que ter um olhar para alguns quesitos e pensar em vários aspectos; por exemplo, a escolha dos materiais, a escolha dos sistemas construtivos e, por fim, como será definido o próprio empreendimento”, aponta. Então, o leque de requisitos é bastante vasto. “Para um edifício ser considerado sustentável, o ideal é que ele tenha requisitos que o cliente (usuário final) demanda – e ele quer o uso inteligente da água, ele quer eficiência energética e outros critérios que garantem a certificação de bem-estar, que é pensar em ambientes que preencham vários requisitos a fim de gerar conforto e bem-estar para os consumidores no ambiente em que ele vive”, destaca Sarrouf.
Os selos ambientais mais utilizados atualmente no Brasil são o LEED — que significa Leadership in Energy and Environmental Design e no qual o país ocupa o 4º lugar no ranking entre os países onde a certificação é aplicada; o AQUA-HQE, que funciona por meio da classificação e mensuração de seus desempenhos ambientais em diversas funções certificando as construções, entre outros, como o SELO CASA AZUL e o PROCEL EDIFICA. Para Lilian, independentemente da certificação, o produto (empreendimento) precisa ser pensado desde a concepção do projeto e ele já precisa ter esse olhar para perceber os impactos na natureza e ao entorno. “Se ele está degradado, por exemplo, é preciso pensar em como melhorar esse entorno; nisso você já está melhorando o ambiente externo e já está pensando no projeto — desde a sua concepção — naquilo que irá impactar menos”, destaca.
Saiba mais sobre cinco tipos de certificações sustentáveis que possam servir de inspiração e modelo para suas construções:
Selo AQUA-HQE
O selo foi desenvolvido a partir da certificação francesa Démarche HQE (Haute Qualité Environnementale) e aplicado no Brasil exclusivamente pela Fundação Vanzolini. Impõe diretrizes que precisam ser seguidas desde o planejamento até a execução dos empreendimentos voltados para alto padrão, a fim de garantir um produto final com menos impacto ambiental e maior conforto aos usuários; além de melhor desempenho da edificação.
AQUA SOCIAL
Dos mesmos fundadores da certificação AQUA-HQE, o AQUA Social é uma novidade no Brasil, aplicada exclusivamente pela Fundação Vanzolini. Lançado em 2018, ele auxilia empreendimentos econômicos e habitações de interesse social a receberem a certificação ambiental.
Selo LEED
LEED é uma sigla para Leadership in Energy and Environmental Design, traduzindo: Liderança em Energia e Design Ambiental. Criado pelo United States Green Building Council, ou mais conhecido como USGBC (www.usgbc.org) em 1993, é focado, principalmente, na eficiência energética onde dentro da certificação existem requisitos como casa, condomínio e edifícios com zero energia.
PROCEL Edifica
Trata-se de um programa de governo e existe todo um arcabouço legal e cultural para conectar vários pontos — trabalha com GBC e AQUA. As certificadoras incorporaram os mesmos requisitos para gerar uma unidade.
Selo Casa Azul
O Selo Casa Azul é uma classificação socioambiental dos projetos habitacionais financiados pela Caixa Econômica Federal. É a forma que o banco encontrou de promover o uso racional de recursos naturais nas construções e a melhoria da qualidade da habitação. Um dos principais objetivos do selo é reconhecer projetos que integram soluções eficientes na construção, uso, manutenção e ocupação dos edifícios, e também realiza certificação de empreendimentos.
Cada um dos tipos de selos citados determina uma série de exigências e itens para serem preenchidos pelo empreendimento que deseja se certificar. E, caso o edifício faça a solicitação, os responsáveis dentro das entidades realizam diversas verificações nas obras para atestar o cumprimento de todos os itens. Muitas incorporadoras e construtoras estão apostando em selos de certificação sustentável como posicionamento de marca, já que traz um viés de qualidade por se tratar de um empreendimento certificado.
Boas práticas vão além da certificação
Não adianta só se falar em economia de energia e de água se o empreendimento não preenche todos os requisitos básicos desde a sua concepção, e para isso é preciso pensar na certificação de um empreendimento desde o projeto em um contexto geral e não só em alguns itens. “Além dele atender a todas as regras já existentes, ele também precisa atender aos requisitos de sustentabilidade; isso é um plus a mais”, destaca Lilian. Por isso é preciso incentivar a adoção de tais práticas — mesmo que sejam poucas no início — pois, com isso, o consumidor final consegue atingir alguns benefícios como maior economia, percebendo o valor real de aplicar a sustentabilidade nos empreendimentos.
De acordo com a diretora de sustentabilidade do Sinduscon-SP, um edifício pode ser sustentável e não necessariamente ser certificado: “nós incentivamos que ele adote práticas de sustentabilidade; afinal, a sustentabilidade é uma tendência e não há mais como fugir disso, porque o próprio cliente já faz algumas perguntas e está interessado. Além disso, a sociedade também está começando a cobrar das construtoras um posicionamento com relação a empreendimentos certificados”, destaca.
Uma das alternativas sustentáveis aplicadas pela Votorantim Cimentos na produção do seu cimento é o uso de escórias e pozolanas em substituição ao clínquer. Quer saber mais? Acesse: https://www.mapadaobra.com.br/inovacao/materiais-alternativos-aumentar-sustentabilidade-brasil/
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