Pressões regulatórias e que partem do próprio mercado consumidor tem impulsionado uma mudança no setor da construção em busca de produtividade, mais tecnologia e agilidade nas construções. Pensando nisso, alguns sinais de mudança foram coletados entre fevereiro e março de 2018 por um grupo de especialistas da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), do SENAI, entre outros parceiros participantes do projeto que foi lançado em formato de documento e apresentado no final de 2018. O projeto “Habitação 10 anos no Futuro” pretende nortear as tendências para a construção civil e novidades para o ano de 2030. Foram realizadas cinco oficinas, com mais de 50 participantes, usando a técnica Foresight Toolkit Studio, um conjunto de ferramentas desenvolvidas pelo Institute for the Future (IFTF) para identificar as novas tecnologias que serão implementadas no futuro da habitação no país.
De acordo com José Carlos Martins, Presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) o estudo trouxe muitas sinalizações para o setor, apontando grandes mudanças já em curso e que terão impacto sobre a construção de habitações. “A indústria da construção já tem essa mentalidade, de buscar o novo e estar antenada com o que está acontecendo”, destaca. Entre as tendências identificadas como cada vez mais fortes estão coliving e coworking – locais de moradia e de trabalho compartilhados, respectivamente. “O novo cenário da moradia terá de contemplar as mudanças na mobilidade e na forma de as pessoas socializarem. Nosso setor tem de estar preparado para isso”, aponta o presidente. A casa ativa, por exemplo, é outro conceito que aparece no radar dos sinais de futuro, impulsionada por mudanças no padrão de consumo e na cultura de posse do imóvel bem como pela demanda por soluções, produtos e serviços mais sustentáveis. Como resultado, foram identificados 47 sinais de mudanças e 36 grandes tendências para o setor. “O objetivo é fomentar um salto de qualidade e estimular inovações que levem a uma maior produtividade da indústria da construção”, destaca Martins.
Para Milton Bigucci Junior, integrante da vice-presidência de Tecnologia e Sustentabilidade do Secovi-SP, essas tecnologias pretendem revolucionar o mercado da construção civil: “venderemos mais do que “concreto” e, sim, um conceito em uma nova forma de morar”, enfatiza. Confira algumas soluções que devem despontar nos próximos anos:
Construção Modular
É um conceito que ainda não está muito difundido no mercado, mas já existe, sendo uma construção muito rápida, industrializada e versátil, se adaptando às mudanças que ocorrem com as pessoas no decorrer de sua vida.
Espaços de convivência coletiva
Atualmente, muito utilizados, ainda mais com o conceito de moradia em espaços cada vez menores, estes espaços coletivos estão sendo difundidos cada vez mais pelo Brasil e pelo mundo, e sempre em evolução.
Energias renováveis
A energia solar também vem crescendo exponencialmente no Brasil e já é uma realidade, sendo utilizada, inclusive, no mercado de habitação popular.
Automação de casas
Já encontramos em algumas casas o conceito ou protótipos de smart home, porém essa tecnologia está em desenvolvimento. A partir da automação das casas estão surgindo novos conceitos e tecnologias que criarão uma casa realmente inteligente e adaptável às características do seu usuário.
Novas tecnologias
A nanotecnologia também já está sendo utilizada em alguns materiais, porém, ainda em baixa escala. Se houver incentivo e consequentemente uma melhora na relação custo x benefício, esta tecnologia é irreversível.
Impressão 3D/4D
A impressão automatizada, de acordo com Bigucci, ainda está um pouco mais distante para ser feita em larga escala, pois somente desta maneira os custos do sistema poderão ser absorvidos. No entanto, já existem vários protótipos mundo afora que se mostraram totalmente eficazes na produção de casas. Portanto, também será uma realidade no futuro.
Todas estas tecnologias estão sendo ou serão implementadas no mundo, inclusive no Brasil, algumas mais atuais e outras em um futuro não muito distante. Além disso, a mão de obra também terá que se adaptar tornando-se mais industrial e menos artesanal, pois muitas etapas de obra serão feitas em um ambiente controlado para depois serem “montadas” na obra e, consequentemente, haverá uma redução no custo de produção de habitação. “Isso trará um número muito menor de assistência técnica e retrabalho no canteiro, melhorando a qualidade de vida dos usuários destes imóveis”, finaliza Bigucci.
Confira a entrevista que o Mapa da Obra fez com o presidente da CBIC, José Carlos Martins:
Mapa da Obra (MDO) – O que é o projeto Habitação 10 anos no Futuro?
José Carlos Martins: é um projeto estratégico para a CBIC, destinado a preparar o setor da construção para o futuro. É inegável que o avanço da tecnologia e as muitas inovações em curso têm impacto relevante sobre nossa atividade, exigindo das empresas um esforço continuado para manter-se na vanguarda. Diante disso, nós criamos esse projeto para antever cenários e tendências, medir seu impacto no setor e desenhar o futuro desejável para a indústria da construção de habitações no Brasil.
MDO – Como foi o desenvolvimento do projeto e qual o objetivo principal?
J.C.M.: esse é um projeto conduzido por nossa Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (Comat), em parceria com o SENAI Nacional, e foi executado entre janeiro e maio de 2018, usando a técnica Foresight Toolkit Studio, um conjunto de ferramentas desenvolvidas pelo Institute for the Future (IFTF) que ajuda a definir, a partir de possíveis futuros, as ações e estratégias necessárias para que um cenário desejado num determinado campo possa se configurar. Nós aplicamos isso para o tema habitação.
MDO – Quais os impactos para o setor da Construção Civil?
J.C.M.: a mudança na demografia e a busca por sustentabilidade e melhor estilo de vida têm direcionado transformações no tipo e uso de habitações, com crescimento da demanda por habitações mais compactas, de múltiplos usos, que reduzam deslocamentos, racionalizem espaços, estimulem o compartilhamento e provenham serviços para atender esses novos padrões.
MDO – Como implementar essas tecnologias no Brasil?
J.C.M.: esse é um trabalho contínuo, de levar conhecimento e estimular as empresas a prosseguirem nesse caminho da inovação.
Confira algumas soluções inovadoras que estão sendo fornecidas pelas construtechs:
https://www.mapadaobra.com.br/negocios/app-construtechs/
O post Projeto CBIC para novas tecnologias na construção civil até 2030 apareceu primeiro em Mapa da Obra.
Projeto CBIC para novas tecnologias na construção civil até 2030 Publicado primeiro em http://www.mapadaobra.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário