domingo, 3 de novembro de 2019

Como os pré-moldados podem otimizar a produtividade da obra

A industrialização da construção é um caminho que traz produtividade, qualidade e até mesmo aspectos de sustentabilidade para as obras. Elementos estruturais ou parte da estrutura de concreto podem ser pré-moldados ou pré-fabricados – conceitos semelhantes, mas que diferem quanto ao processo.

Os elementos pré-moldados são feitos fora do local de sua utilização definitiva. Mas podem ser moldados em algum local dentro do canteiro. Já os pré-fabricados devem ser feitos em instalações industriais. “Isso não indica necessariamente que a qualidade dos elementos pré-moldados em canteiro seja inferior. O importante é que haja a conformidade com todos os requisitos estabelecidos em norma para ambos os casos”, reforça Íria Lícia Oliva Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada do Concreto (Abcic).

Se por muito tempo o grau de repetibilidade de peças era um fator essencial para viabilizar economicamente a adoção de pré-fabricados, hoje não é mais tão limitante. Essa estrutura atende a diversas tipologias, desde obras de infraestrutura, obras industriais, shopping centers e centros de distribuição até edifícios comerciais e residenciais, escolas, ginásios e obras residenciais de interesse social. “No caso de edifícios mais altos, destaca-se a vantagem da rápida execução, a possibilidade de se obter vãos maiores para a mesma altura estrutural e o peso menor das peças, o que pode facilitar logística”, explica Doniak.

Produtividade: veja vantagens dos modelos de pré-fabricados e pré-moldados

A pré-fabricação também tem vantagens como maior resistência, durabilidade e precisão dimensional – isso leva também à preparação para adoção do BIM – Building Information Modeling. Redução do tempo de obra é outro dos benefícios. A fabricação dos elementos pode ocorrer em paralelo com a execução das fundações. E, além da diminuição do uso de fôrmas e escoramentos, a montagem não é afetada por chuvas.

O canteiro de obras, no geral, pode ser mais bem organizado. “Uma vez que a estrutura pré-fabricada chega pronta, depósitos de areia, brita, cimento, madeiras e ferragens são eliminados ou reduzidos”, conta Doniak. Há menos transtorno, menos ruído e menor geração de entulho, resultando em melhores condições de segurança, o que por sua vez contribui para redução de acidentes.

A adoção de pré-fabricados impacta em toda a execução da obra. Tanto os equipamentos quanto os materiais têm uso racional, e a mão-de-obra tem maior produtividade. Isso pode levar a um custo menor do produto final.

Outra importante questão de custo de pré-fabricado é a previsibilidade, pois o valor não varia até a entrega final. Isso traz mais segurança e, especialmente para obras públicas, reduz necessidade de aditivos contratuais e custos não previstos.

Mas, no Brasil, ainda há entraves para a plena adoção do pré-fabricado ou pré-moldado. “Há uma falta de cultura pela industrialização da construção desde o ensino nas universidades até as formatações dos processos de licitações, que induzem invariavelmente a sistemas convencionais”, comenta Doniak. Outro fator limitante é a questão tributária, especialmente “a incidência do ICMS sobre os pré-fabricados, diferentemente do que ocorre na América Latina, Estados Unidos e países europeus”.

 

Normatização e certificação para pré-moldados e pré-fabricados

A principal norma do setor para pré-moldados e pré-fabricados é a ABNT NBR 9062 – Projeto e Execução de Estruturas Pré-moldadas de Concreto. A última revisão, em 2017, trouxe termos para novas aplicações, como edificações de múltiplos pavimentos mais altas.

Nessa atualização, houve um alinhamento das questões de projeto com a ABNT NBR 6118 – Estruturas de concreto armado – Procedimento. “Um dos destaques diz respeito às ligações, um aspecto fundamental que diferencia as estruturas pré-moldadas das moldadas in loco”, conta Íria Doniak.

Já para atestar a qualidade, segurança e ambiente das empresas que produzem pré-fabricado existe o Selo de Excelência da Abcic, em vigor há 13 anos. As empresas passam por auditorias periódicas, realizadas pelo Instituto Falcão Bauer da Qualidade (IFBQ). “Através das boas práticas aplicadas tanto em produção como montagem, foi possível evoluir no que diz respeito ao controle tecnológico do concreto e também as questões relativas ao planejamento e segurança de montagem das estruturas pré-moldadas”, explica Doniak.

 

Quer saber mais sobre como funciona a pré-fabricação? Veja neste Papo Construtivo:

https://www.mapadaobra.com.br/papoconstrutivo/pre-fabricados/

 

 

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