quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Norma Comentada: ABNT NBR 16697 – Cimento Portland – Requisitos

A NBR 16697 – Cimento Portland – Requisitos entrou em vigor em julho do ano passado para atender as necessidades voltadas ao uso do cimento. Para esta nova norma alguns requisitos foram retirados e outros sofreram alterações nos valores. De acordo com Arnaldo Forti Battagin, gerente de tecnologia da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), os requisitos de desempenho físico, mecânico e reológico representados, respectivamente, por expansibilidade, tempos de pega e resistência mecânica não tiveram nenhuma alteração. “Já em algumas propriedades químicas houve necessidade de ajustes em função do aumento de teor de adições na composição dos cimentos, como o aumento do teor de perda ao fogo e resíduo insolúvel”, explica o representante da associação [veja ao final do texto as tabelas com os requisitos atuais].

 

Novidades trazidas pela NBR 16697:

 

A ABNT NBR 16697 apresenta três conjuntos de inovações:

  1. Unificação das oito normas de especificação em documento único, ou seja, a ABNT NBR 16697 em substituição às normas de Cimento Portland Comum (ABNT NBR 5732); Cimento Portland Composto (ABNT NBR 11578); Cimento Portland de Alto Forno (ABNT NBR 5735); Cimento Portland Pozolânico (ABNT NBR 5736); Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (ABNT NBR 5733); Cimento Portland Resistente a Sulfatos (ABNT NBR 5737); Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (ABNT NBR 13116) e Cimento Portland Branco (ABNT NBR 12989).
  2. Aumento do teor máximo de fíler calcário em 5% para todos os tipos de cimento, exceto o CPII-F, cujo teor máximo permitido passou de 10% para 25%, e no teor máximo de escória granulada de alto-forno no CP III, que passou de 70% para 75%, mantendo-se, contudo, o teor mínimo de clínquer em 25%, como previa a norma anterior. Consequentemente, houve necessidade de ajustes nas tolerâncias de algumas propriedades químicas em função do incremento do teor de adições.
  3. Práticas já adotadas pelo setor de cimento nos últimos anos constituem o terceiro conjunto de inovações ou atualizações e diz respeito à inclusão na norma. São elas:
  • As pilhas de sacos ou paletes devem ficar afastadas de paredes de forma que permitam fácil acesso à inspeção e à identificação de cada lote.
  • Eliminação da menção do peso da sacaria (sacos de 50 kg) na norma, a exemplo das normas internacionais. Esclarece-se que isso não desobriga essa inscrição nos sacos, que devem conter a informação da massa líquida do produto. “Existem no mercado sacos de 50 kg, 40 kg e 25 kg, sendo este último o padrão a vigorar futuramente conforme acordado recentemente com o Ministério Público do Trabalho”, ressalta Battagin;
  • Redução de 2% para 1% da tolerância da massa líquida declarada do saco, em atendimento à Portaria de número 248, de 17 de julho de 2008, do MDIC/INMETRO.
  • Eliminação do ensaio rotineiro de CO2, controlando a adição calcária pelo ensaio químico de Perda ao Fogo (PF), como em âmbito mundial se pratica. A determinação de CO2 passa a ser ensaio facultativo.
  • Inclusão do prazo de validade e composição qualitativa do produto, atendendo assim o Código de Defesa do Consumidor (CDC, Lei 8078).

Sustentabilidade

 

De acordo com o representante da ABCP, de todas as alterações, sem dúvida, foi a permissão de limites mais altos de teor de fíler calcário no Cimento CPII-F que mais trouxe inovação. Essa alteração visa um alinhamento com padrões normativos internacionais, como é o caso da Argentina, do México, dos países da União Europeia, e atendem os direcionamentos da Agência Internacional de Energia (IEA) e da Iniciativa pela Sustentabilidade do Cimento (CSI), que incentivam a adoção de alternativas ou tecnologias mais avançadas para diminuir emissões de CO2. Atende, assim, às premissas recomendadas pelo Cement Technology Roadmap Brazil 2050, antes até do seu lançamento oficial em abril passado em Brasília, com a participação do Ministério do Meio Ambiente.

 

Mudanças para a ABCP

 

Foi preciso atualizar o regulamento para concessão do Selo da Qualidade de Cimento Portland, bem como rever algumas publicações que focam não apenas o produtor de cimento, mas também o consumidor. “No mais, há um compromisso precípuo do fabricante de cimento em manter o alto padrão de qualidade. A nova norma protege o consumidor, na medida em que amplia a possibilidade de entendimentos entre as partes, viabilizando a solicitação de características específicas, conforme o tipo de aplicação do cimento, tais como: área específica, cloretos solúveis em água, inibição da expansão devida à reação álcali-agregado, teor de C3A do clínquer, índice de consistência da argamassa normal, tempo máximo de início de pega e calor de hidratação para diferentes idades”, explica o representante da ABCP.

 

ANEXO

 Limites de composição do cimento Portland (porcentagem de massa)

Designação normalizada Sigla Classe de resistência Sufixo Clínquer + sulfatos de cálcio Escória granulada de alto-forno Material pozolânico Material carbonático
Cimento Porland comum CP I 25, 32
ou 40
RS

ou

BC

95 –  100 0 – 5
CP I-S 90 – 94 0 0 6 – 10
Cimento Portland composto com escória granulada de alto-forno CP II-E 51 – 94 6 – 34 0 0 – 15
Cimento Porland composto com material pozolânico CP II-Z 71 – 94 0 6 – 14 0 – 15
Cimento Portland composto com material carbonático CP II-F 75 – 89 0 0 11 – 25
 Cimento Portland de alto fornob CP III 25 – 65 35 – 75 0 0 – 10
Cimento Portland pozolânicoc CP IV 45 – 85 0 15 – 50 0 – 10
Cimento Portland de alta resistência inicial CP V a ARI 90 – 100 0 0 0 – 10
Cimento Portland branco Estrutural CPB 25, 32
ou 40
75 – 100 0 – 25
Não estrutural
50 – 74 26 – 50
a No caso de cimento Portland de alta resistência inicial resistente a sulfatos (CP V-ARI RS), podem ser adicionadas escórias granuladas de alto-forno ou materiais pozolânicos.

b O teor máximo da somatória de adições ( escória granulada de alto –forno e material carbonático) deve ser de  75%.

C O teor máximo da somatória de adições ( material pozolânico e material carbonático) deve ser de  55%.

 

Requisitos químicos do cimento Portland (em porcentagem de massa)

requisitos-quimicos

Requisitos físicos e mecânicos

requisitos-fisicos

 

Referência: norma NBR 16697

 

Autor: Arnaldo Forti Battagin, gerente de tecnologia da Associação Brasileira de Cimento Portland

 

Quer saber mais sobre os tipos de cimento? Acesse: https://www.mapadaobra.com.br/capacitacao/cimento-tipos/ 

 

 

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