domingo, 17 de novembro de 2019

Cronograma de obras: 3 dicas para evitar atrasos

Não é raro, embora não seja nada desejado, que a execução de uma obra sofra algum tipo de atraso. Seja um imprevisto ou um mau planejamento, se não for bem reparado pode gerar uma bola de neve e levar a mais atrasos no cronograma de obras.

Para planejar um cronograma factível, é fundamental ter conhecimento dos processos executivos da obra, dos quantitativos de serviço, dos índices de produtividade, e, claro, conhecimento do projeto. O engenheiro responsável pela obra deve ter o histórico de produtividade dos sistemas construtivos adotados para dimensionar os prazos de forma assertiva, garantindo a qualidade da execução.

A obra também tem uma sucessão de serviços a ser seguida – escavação, fundações, estrutura, alvenaria, instalações e revestimento. “Há uma sequência técnica cujos prazos devem ser respeitados. A construtora tem seus procedimentos executivos e também de padrão de qualidade, com processos controlados e uniformes”, conta Leonardo Menezes, engenheiro da Consciente Construtora. Na prática, alguns pontos-chave podem ser avaliados de perto para evitar situações típicas que provocam atrasos.

 

Veja três dicas para não errar no planejamento do cronograma de obras:

 

  1. Previsão do tempo

O cronograma de execução de serviços deve sempre considerar as condições de tempo. O período chuvoso é um dos mais críticos: nessa época, deve-se evitar iniciar as fundações e também realizar serviços externos de fachadas. Isso evita baixos índices de produtividade e até mesmo retrabalho.

 

  1. Monitoramento periódico

Mesmo que cada construtora tenha sua cultura de monitoramento de obra, é importante que o acompanhamento dos índices seja feito em períodos curtos, como semanais ou mesmo diários. “A base é o levantamento básico de arquitetura, que alimenta o quantitativo, e a partir dele é feito o orçamento e valores unitários por quantidade de serviço. A partir das medições, se extrai o cronograma físico-financeiro, que traz o previsto x realizado”, explica Menezes.

Por exemplo: estão previstas para o mês quatro lajes que consomem determinado volume de concreto. O engenheiro faz a medição; encaminha para a gerência, que faz a análise crítica; e orienta quanto às providências a serem tomadas.

Quando o acompanhamento é feito de perto, as soluções para mitigar o atraso ficam mais naturais e rápidas, evitando o efeito bola de neve. Mesmo assim, é importante lembrar que há atrasos que podem ser minimizados em poucas semanas, já outros levam alguns meses.

 

  1. Canteiro com logística

O estudo prévio da obra faz parte do planejamento do canteiro: acesso de entrada e saída dos caminhões, local de descarregamento de material, transporte vertical, como aço vai ser recebido (por exemplo, cortado e dobrado) etc.

As obras têm longos ciclos e todos eles devem estar previstos no planejamento. “O ideal é fazer previsibilidade de mudança de canteiro”, afirma Menezes, “pois a obra passa por mutações”. O objetivo dessa preparação é evitar improvisos, pois fazem cair à produtividade.

Um exemplo de transformação são as etapas de fundação e, posteriormente, estrutura. Os contêineres alugados podem ser desmobilizados, e alojamento e escritório podem passar para dentro da torre. Isso libera espaço para uma logística melhor no canteiro.

Quando se fala em agilidade e eficiência, é preciso estudar principalmente como serão praticadas as distâncias entre atividades, por exemplo: local de entrega e recebimento de material, central de carpintaria, até mesmo a sala de engenharia.

“É fundamental fazer a previsão tanto do transporte horizontal quanto do vertical e encurtar as distâncias”, avalia Menezes. Até mesmo a velocidade do elevador pode gerar muito tempo ocioso, quando pensamos em 50 pavimentos que podem levar de 3 a 4 minutos por viagem.

 

Dica bônus – Cuidados no realinhamento do cronograma

Seja por uma decisão estratégica errada ou alguma eventualidade pontual, quando o atraso acontece pode refletir na obra inteira. No caso de perda de produtividade, a primeira saída considerada é a contratação de mais mão-de-obra para elevar os índices de volta à normalidade.

“No dimensionamento pode ser necessário, por exemplo, mais 15 pedreiros. Mas será que o canteiro tem espaço para receber carga de tijolo para esses 15?”, pondera Menezes. O aumento da equipe influencia outros fatores: tamanho do canteiro, área de estoque e negociação com fornecedor. Às vezes, não há como efetivar esse tipo de reajuste, por isso a avaliação dessa contratação deve considerar o impacto em toda a cadeia.

Outra questão é que, mesmo que a produtividade seja acelerada, alguns prazos não podem ser atropelados – por exemplo, o tempo de cura. Se não for respeitado, pode gerar patologias, seja na estrutura, alvenaria ou revestimento.

 

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