segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Engenheiro 4.0: habilidades e competências do novo profissional

A crise econômica, que teve início em meados de 2014, obrigou o tradicional mercado da construção civil a se reinventar. Drones sobrevoando canteiros de obras, projetos em BIM e construções cada vez mais rápidas, são exemplos de medidas tecnológicas que foram implementadas e hoje e começam a fazer parte do dia a dia de construtoras por todo o país.

Como reflexo desse ambiente que está mudando para se tornar mais inovador, surgiu à necessidade de profissionais mais atualizados e que soubessem utilizar a tecnologia a favor das construções. Um exemplo é o engenheiro 4.0, que além da tradicional e sólida formação teórica, também deve saber lidar com o momento atual da construção.

 

Habilidades e competências: o que define um engenheiro 4.0?

De acordo com o engenheiro e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Sílvio Melhado, entre as principais características do engenheiro 4.0 está à capacidade de lidar com alto nível de tecnologia disponível e aplicação correta das normas e regulamentos na sua área de atuação.

Melhado destaca também habilidades interpessoais, como gerenciamento de equipes e projetos, facilidade de comunicação e iniciativa. Pontos quando falamos da indústria 4.0, onde a inteligência artificial se faz muito presente e ameaça alguns cargos ocupados por humanos, mas não pode substituir nenhuma posição que requeira inteligência emocional e social. “É fundamental, ainda, que tenha iniciativa empreendedora e capacidade de liderança, essenciais para o relacionamento em rede que se exige hoje”, completa o professor.

 

Check-list: habilidade e competências

A seguir estão dicas para aqueles que desejam se aprofundar no universo da indústria 4.0:

 

  • Comunicação interpessoal:

  1. Facilidade e clareza na comunicação;
  2. Gestão de equipes;
  3. Espírito de liderança;
  4. Iniciativa empreendedora.

 

  • Conhecimento e desenvolvimento de tecnologias:

  1. Desenvolvimento de projetos em BIM;
  2. Uso de drones para mapeamento de terreno e acompanhamento de avanço de obra;
  3. Conhecimento sobre construções rápidas com uso de materiais não-convencionais.

 

  • Atualização constante:

  1. Cursos de especialização;
  2. Networking;
  3. Acompanhamento da atualização de normas;
  4. Estudo, conhecimento e parceria com construtechs.
  • Visão analítica:

  1. Raciocínio rápido;
  2. Capacidade de resolver problemas;
  3. Assertividade.

 

As universidades acompanharam essa mudança?

A graduação de engenharia é um curso de longa duração (normalmente, cinco anos) e seria ideal que o aluno se formasse já capacitado para os desafios desse novo cenário do mercado de trabalho. Para isso, as grades curriculares das universidades devem acompanhar as mudanças.

A Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP), considerada a detentora do melhor curso de engenharia civil do país pelo Ranking Universitário Folha (RUF) 2018, fez sua última mudança da grade curricular há 9 anos – após 12 anos sem nenhuma modificação. O intuito foi à formação de engenheiros mais generalistas, já que é comum a mudança de área durante a carreira.

Para Sílvio, os cursos estão mudando para um modelo de ensino-aprendizagem com maior ênfase na iniciativa dos estudantes para a busca e aplicação de soluções na resolução de problemas de engenharia, substituindo, em parte, os processos de educação meramente passivos de antigamente.

Entretanto, ele é categórico ao afirmar que somente o ensino superior não é suficiente. “Os currículos de engenharia são bastante sobrecarregados de conteúdo e a formação continuada deve ser uma prioridade. Logo, um engenheiro precisa se manter atualizado, estudar e pesquisar sempre”, argumenta.

E, ainda, faz um paralelo dessa questão com a capacidade de aplicação das inovações tecnológicas. “Os resultados das inovações dependem da capacidade que os profissionais demonstram para aplicá-las, desde a seleção das tecnologias para um determinado projeto, até, uma vez implementadas, a sua avaliação e retroalimentação para novos projetos. Portanto, ao definir uma delimitação da sua carreira, ele deverá aprofundar seu conhecimento e manter-se atualizado por meio de cursos de pós-graduação. Essa formação continuada deverá focar, além das questões técnicas, também os aspectos de gestão, que se tornam a cada dia mais cruciais para o exercício profissional do engenheiro”.

 

O Mapa da Obra fez uma série sobre as novas Carreiras da Construção. Confira as habilidades e competências do engenheiro climático: http://conteudo.mapadaobra.com.br/carreiras-na-construcao-engenheiro-climatico-a 

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