A aplicação da tecnologia BIM teve uma evolução muito lenta ao longo dos últimos anos e o seu uso ainda é muito incipiente no Brasil. Não existe atualmente nenhuma pesquisa que mostre a implementação completa da metodologia nas obras brasileiras, o quadro ainda é muito incerto e, exatamente para melhorar a aplicação do BIM, o Governo Federal implementou um plano estratégico com ações em apoio à sua utilização em 2018 com o objetivo de elevar em 28,9% o PIB da Construção Civil.
De acordo com Sérgio Leusin, essa estratégia BIM tem objetivos bastante tímidos devido ao prazo ser bastante longo e focado em apenas algumas obras. “Uma coisa que acho muito importante são os parâmetros normativos para a aplicação da tecnologia”, ressaltou Leusin durante live sobre o tema.
Diretrizes da NORMA ISO 19650-2
A gestão da informação, conforme a ISO 19650, traz algumas questões importantes que serão necessárias e que devem ser acessadas de modo a não faver perda de dados ou falta de precisão para a sua execução, como a padronização de acordo com a finalidade de uso. “A padronização é que vai viabilizar a interoperabilidade e a colaboração entre todas as áreas e para isso é preciso que todos os envolvidos estejam falando a mesma língua e compreendam o objetivo a ser entregue”, ressalta.
A ISO prevê que existam anexos nacionais que definam como as ações serão aplicadas dentro do ambiente brasileiro e como ele deve ser adaptado às condições nacionais e a organização, porém, respeitando também as determinações internacionais. “A gestão da informação é a própria essência da tecnologia, ou seja, quando estou fazendo a gestão da informação, estou fazendo o processo BIM“, destaca.
Ainda de acordo com Leusin, a partir de agora, ainda que de maneira progressiva dentro de cada obra, o BIM será cada vez mais utilizado. Outros resultados que não estão no decreto, mas que são esperados, envolvem o estabelecimento de boas práticas para a implementação do BIM. Algumas obras serão desenvolvidas em projetos BIM no Governo Federal de acordo com a Estratégia BIM BR atual. “Uma vez que sejam definidos esses objetivos, cada equipe fará a análise e ajuste no plano de execução para que seja realizado da maneira adequada”, complementa.
Decreto BIM e expectativas pós-pandemia
Para Tiago Ricotta, diretor de inovação na Athié Wohnrath, a expectativa é a de que exista uma aceleração da utilização deste conjunto de tecnologias, processos e políticas por parte do mercado, “não acredito que haverá uma adoção massiva em um curto espaço de tempo (janeiro/2021) e devem acontecer ondas de adoção em segmentos específicos”, ressalta. A primeira onda é a do segmento mais impactado, o de infraestrutura, que se não deu os seus primeiros passos, está perdendo tempo. “Espero que o ecossistema, principalmente dos projetos de MEP, se tornem mais maduros com o tempo”, destaca. Definir as expectativas e objetivos é fundamental para não haver frustrações. “É possível fazer muita coisa com a tecnologia atual e futura, mas ao mesmo tempo é preciso transformar conhecimento em competência”, complementa.
O esperado antes da pandemia seria que, no médio prazo, ocorresse um aumento natural do interesse de diversas empresas, ao menos, para tentar conhecer e entender o assunto com alguns vários projetos pilotos ocorrendo no mercado. No longo prazo, seria um natural ganho de maturidade, principalmente, no segmento de infraestrutura tão carente, atualmente. Por consequência, essa maturidade traria o desenvolvimento de competências no lado público com o surgimento de vários cadernos e licitações solicitando o tema. “Não enxergamos isto como a bala de prata do setor, mas com certeza é algo bem-vindo que abre novas possibilidades para criar as coisas de maneiras diferentes com a expectativa de resultados melhores”, ressalta Tiago.
Confira também, a matéria especial sobre as diretrizes do Marco do Saneamento:
https://www.mapadaobra.com.br/inovacao/marco-regulatorio-saneamento/
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