As fissuras são patologias que se manifestam nas paredes de alvenaria como aberturas com até 0,5 mm. As anomalias podem ocorrer devido a falhas no projeto, materiais e execução e é importante analisar quais as suas principais causas, pois sempre é uma preocupação quando qualquer componente de uma edificação deixa de atender aos requisitos mínimos para os quais foi projetado.
Uma parede em alvenaria não tem função estrutural e deve resistir ao seu peso próprio e pequenas cargas de ocupação. Possíveis deformações dos elementos estruturais horizontais e encunhamentos inapropriados podem causar sobrecargas inadequadas nas alvenarias, favorecendo o aparecimento de fissuras.
“Se as possíveis causas das fissuras não forem adequadamente diagnosticadas e sanadas, as mesmas podem se transformar em trincas, que são aberturas maiores”, explica Elizabeth Montefusco, professora do curso de Engenharia Civil do Instituto Mauá de Tecnologia. Segundo Elizabeth, as trincas, por sua vez, são irregularidades que interferem no desempenho adequado da edificação, como a estanqueidade à água, o conforto térmico e acústico, a durabilidade e até mesmo a segurança estrutural. “As trincas podem ser um alerta de possível colapso da alvenaria ou da edificação”, afirma.
Tipos de fissuras
Para atuar no sentido de buscar soluções para essas deformidades, é preciso, primeiro, identificar quais as causas de cada tipo de fissura:
- Fissuras verticais: podem aparecer na espessura de argamassa vertical entre os blocos ou se desenvolver na vertical, atravessando argamassa e blocos. Suas possíveis causas são: argamassa com resistência insuficiente ou bloco e argamassa com resistência insuficiente. Se a fissura é devida ao próprio peso da alvenaria, a mesma deverá ser refeita. Caso a fissura tenha aparecido e não evoluído, ou seja, cessou, é possível executar um reparo na alvenaria. Para isso, a tarefa é remover os revestimentos até acessar a camada da alvenaria, preparar sua superfície com chapisco e inserir a argamassa de regularização com tela inserida, devidamente ancorada. Em seguida, basta proceder para o acabamento;
- Fissuras na diagonal: desenvolvem-se predominantemente a partir dos vértices das aberturas de portas e janelas. As possíveis causas são vergas e contravergas insuficientes, inexistentes ou carga aplicada na alvenaria maior do que a estrutura poderia suportar. No caso de insuficiência ou ausência das vergas e contravergas, as mesmas deverão ser dimensionadas e providenciadas adequadamente. No caso de sobrecargas, as mesmas deverão ser retiradas. Só assim, será possível providenciar o reforço com telas na alvenaria, conforme mencionado no tópico anterior;
- Fissuras por recalque diferencial na fundação: aparecem predominantemente na diagonal, a partir da face do pilar que sofreu recalque de fundação. As causas prováveis se devem a escavações, construções ou vibrações vizinhas, rebaixamentos de lençol freáticos, alterações no solo, dimensionamento inadequado das fundações. Como solução, é preciso diagnosticar a causa do recalque, reforçar a fundação e proceder com o reparo na alvenaria, conforme indicado nos casos anteriores.
- Fissuras com deformação dos elementos estruturais: pode ter como causa principal a estrutura subdimensionada. A estrutura pode ter apresentado uma deformação excessiva e, ainda, carga atuante maior do que a prevista no cálculo estrutural. Detectada a causa, a carga adicional deve ser retirada. A estrutura precisa ser diagnosticada, reparada e, se necessário, até mesmo reforçada, para que não volte a necessitar de alvenaria de vedação. Só então será possível prosseguir com o reparo na alvenaria, de acordo com os casos anteriores.
Como evitar a volta da fissura
Selantes não resolvem tensões de cisalhamento e tração nas alvenarias, que são causas comuns de aparecimento de fissuras. “Para a fissura não voltar, a causa deverá ser sanada. Somente assim o reparo será eficaz”, conta a professora.
Se a fissura estiver na alvenaria – ou seja, nos blocos – ou na argamassa de assentamento, o reparo deverá ser feito nessas estruturas. Nos casos em que as fissuras aparecem nos revestimentos argamassados, é necessário avaliar se a fissura ocorre na camada de regularização, na argamassa de acabamento ou na massa corrida. “Cada situação deve ser avaliada tecnicamente para garantir a durabilidade do reparo”.
Mas se, mesmo com todos os reparos, a fissura insistir em voltar, é muito provável que a sua causa não foi diagnosticada corretamente. “E se a abertura ou extensão da fissura se agravar, pode indicar uma situação de risco”, completa Elizabeth.
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https://www.mapadaobra.com.br/inovacao/entendendo-as-trincas-e-fissuras/
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